Planalto é surpreendido por grupo de índios e tem entrada principal fechada

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Um grupo de 45 índios kayapó, da região de Novo Progresso, no sul do Pará, chegou de surpresa ao Palácio do Planalto na tarde desta segunda-feira (2), provocando o fechamento da entrada principal da Presidência.

Sem ameaça de invasão ou bagunça, eles reivindicaram a renovação de compensações por obras realizadas nas proximidades da área indígena. Uma delas é a pavimentação da BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA).

Segundo o representante do grupo, Doto Takak-ire, os indígenas auxiliam o poder público no reflorestamento das áreas impactadas. Em troca, eles recebem recursos dos governos por meio de parcerias estabelecidas em Planos Básicos Ambientais (PBAs). O grupo já recebeu os recursos por cinco anos e agora cobra sua renovação.

“A descontinuidade do PBA-CI, além de colocar em risco iminente a sobrevivência física e cultural dos Kayapó pela pressão sobre os recursos naturais de suas terras, compromete os resultados já alcançados e a continuidade das ações complementares de outras fontes de financiamento”, diz documento distribuído por Doto, com assinatura do Instituto Kabu.

Os índios exigiram falar com a presidente Dilma Rousseff e com os ministros dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues (PR), da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), do Meio Ambiente, Izabella Teixeira e da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT).

“Todos nós votamos em Dilma. Eu votei nela. Todos nós votamos e a gente está tendo muito problema com o governo. […] Ela precisa saber o que está acontecendo”, disse o representante do grupo, Doto Takak-ire.

O grupo foi recepcionado pelo assessor da Secretaria-Geral da Presidência, Tiago Garcia. Uma reunião imediata foi marcada com o secretário nacional de articulação social, Paulo Maldos, que deve viabilizar as reuniões com os ministros ou representantes das pastas. Para entrar no Planalto, os índios aceitaram deixar seus arcos e flechas na entrada do prédio principal.

FALTA DE DIÁLOGO

Segundo Doto, o grupo viajou de ônibus por dois dias até chegar a Brasília para procurar as autoridades. Ele afirmou que não procurou a Funai (Fundação Nacional do Índio) “porque não adianta”.

“Não tem como. Não queremos falar com a Funai. A gente quer falar com as pessoas lá de cima. Se a gente for falar com a Funai po jogo vai parar. Ninguém vai resolver. Não adianta falar com a Funai. Ela não leva o assunto adiante”, disse Doto.